terça-feira, fevereiro 03, 2009

Combustível do futuro.

Se a próxima geração de veículos automotores vir mesmo a ser a dos carros híbridos ou elétricos, então a Bolívia tende a ser a nova Arábia Saudita do Lítio (mineral usado na bateria dos veículos). Este é o tema da reportagem do correspondente do The New York Times na Bolívia, Simon Romero.
Estimativas apontam que, praticamente metade do lítio do mundo encontra-se em território boliviano, no longínquo deserto salino de Uyuni. Empresas japonesas e européias já tentam fechar acordos para explorar o mineral, enquanto o governo Evo Morales fala em controlar as reservas e manter longe os estrangeiros, respaldado agora pela nova constituição aprovada no referendo de janeiro (ver nota anterior do blog).
Todavia, os grupos estrangeiros não se sentem desencorajados. Os conglomerados japoneses Mitsubishi e Sumitomo e um grupo liderado por um industrial francês, Vincent Bolloré, enviaram representantes a La Paz para discutir o acesso ao Lítio.




"Se quisermos ser uma força na próxima geração de carros, temos que estar aqui."
Oji Baba, executivo da Unidade de Metais de Base da Mitsubishi







A Mitsubishi não é a única a pretender a produção de veículos com baterias de lítio-íon. A GM pretende lançar em 2010 um carro com bateria de lítio-íon e motor a gasolina. Nissan, Ford, BMW e outras tem projetos similares.
A demanda pelo mineral, usado há muito tempo em quantidades pequenas em medicamentos estabilizadores de humor e armas termonucleares, tem crescido com sua utilização em baterias de celulares e outros eletrônicos. Mas a indústria automotiva tem o maior potencial de utilização do lítio em grande escala. Mais leve que o níquel, ele daria maior autonomia aos carros elétricos.
A despeito da restrição interna pelo envolvimento estrangeiro na exploração dos recursos, analistas dizem, no entanto, que o país precisará investir centenas de milhares de dólares para viabilizar a produção nessa magnitude. O governo está investindo USD 6 milhões numa pequena fábrica perto do povoado de Rio Grande, onde espera lançar o primeiro esforço boliviano em escala industrial para extrair e processar o lítio. Morales quer que a fábrica fique pronta ainda neste ano.

"Temos as maiores reservas de lítio do planeta, mas, se não entrarmos na corrida já, perderemos essa chance. O mercado achará outras soluções." - Juan Carlos Zuleta, economista sediado em La Paz.


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