quinta-feira, janeiro 28, 2010

Quando Paris virou Veneza

            







Todos nós, direta ou indiretamente, temos tido sérias contrariedades por conta das fortes e constantes chuvas que nos assolam neste janeiro, e curiosamente, neste mes é "celebrado" uma data bem peculiar na capital francesa.
Há exatos 100 anos, o rio Sena transbordou de suas margens e cobriu os elegantes bulevares de Paris de água e lama, forçando milhares de parisienses a abandonar suas casas e deixando a cidade sem energia elétrica durante meses.
E a mesma coisa pode acontecer novamente. Só que desta vez as consequências serão dez vezes pior, dizem especialistas.
"A enchente é inevitável", afirma Louis Hubert, diretor para a região parisiense do Ministério da Ecologia e do Desenvolvimento Sustentável francês. "O que podemos afirmar é que é quase certo que ocorram novas enchentes, mas não sabemos quando".
A inundação de Paris em 1910 afetou 200 mil pessoas naquele ano e custou 1,5 bilhão de euros (2,15 bilhões de dólares) convetidos em parâmetros atuais, e foi o primeiro grande evento com cobertura jornalística mundial.
Uma enchente semelhante hoje afetaria cerca de 1 milhão de habitantes da capital francesa e custaria 15 bilhões de euros. Além disso, outras 2 ou 3 milhões de pessoas provavelmente ficariam sem eletricidade por vários dias.
"Nos dois casos, há mais de dez vezes o número de pessoas afetadas, e os custos diretos são dez vezes maiores que os de 1910. Isso poderia levar à desorganização da região parisiense e exercer um efeito sobre a economia nacional", disse Hubert. Saliento que, o PIB da Grande Paris, representa cerca de 70% do PIB francês.
Para lembrar a enchente de 1910, a Galerie des Bibliotèques parisiense está expondo uma coleção de fotos, cartões postais e depoimentos de testemunhas.
Há fotos em tom sépia de homens bigodudos, de chapéu coco, sendo levados nas costas de outros homens com as calças puxadas para cima e com água pelos joelhos; do Champs de Mars totalmente submerso; de pessoas indo à catedral de Notre Dame de barco e de alimentos sendo entregues por escada a janelas de apartamentos de segundo andar.
Na maioria dos casos, os parisienses dão a impressão de que estavam encarando a catástrofe com humor, sorrindo para a câmera enquanto se equilibravam sobre estruturas improvisadas acima da água.
Desde 1910, Paris vem se esforçando para reforçar suas defesas, elevando a altura das pontes, aprofundando o leito do rio e fazendo obras hidráulicas. Mas, devido à grande urbanização e a proliferação de postes de eletricidade e telefone, e todos os outros componentes de facilidade e conforto da vida moderna, apontam para uma maior vulnerabilidade da populacao a uma grande enchente.

Uma versao digital da exposicao disponivel  AQUI

Um comentário:

Ricardo Nuno Silva disse...

Caro Eduardo:

Excelente sugestão essa!
Não conhecia esse período da história de Paris.

O site da exposição (inondation1910.paris.fr) é super interessante!

Valeu mesmo! :-)

Um abraço de Portugal.