FERNANDO GABEIRA - FOLHA DE SÃO PAULO 04/09/09
No momento em que o governo faz uma grande festa pelo pré-sal, a revista Foreign Policy'publica um número sobre o longo adeus do petróleo. É tão grande o impacto festivo que um prefeito de Pernambuco perguntou: “Já posso contar este mês com o dinheiro do pré-sal?” Ao governo interessa desinformar – para isso tem um grande aparato. Mas é fundamental nesse confronto fortalecer algumas teses. A primeira delas é de que o recurso do óleo deveria ser usado para nos libertarmos dele. Parece simples. No entanto, pesquisas indicam que um terço dos royalties é gasto por algumas cidades para aumentar a máquina administrativa. Isso quer dizer dar mais empregos e aumentar o poder dos grupos políticos locais. Fala-se em usar a Noruega como modelo econômico de exploração. Mas nada se fala no modelo de proteção ecológica de lá. O interessante é que o Estado não combinou com os russos, e o modelo talvez não seja atrativo para empresas. A Petrobras cuida de quase tudo, drenando imensos recursos que poderiam se voltar para a energia renovável. O importante é que houve uma grande festa. Alguns, como Sarney, saíram de sua pirâmide para celebrar; outros, como Dilma, de resguardo contra perguntas delicadas, reapareceram protegidos. Já havia legislação e toda uma história do petróleo no País. Mas a pressa em festejar parece maior que a de pesquisar e contabilizar os recursos para saber o que fazer com eles. A diferença entre Obama e Lula em energia está no ministro que escolheram. Lá é um Prêmio Nobel de Física; aqui é o Lobão, que prepara uma nova estatal, para a alegria de netos, filhos e amantes. Fazer um fogo e distribuir espelhinhos foi tática do poder desde a chegada dos portugueses.
Caramuru.
Nenhum comentário:
Postar um comentário