terça-feira, novembro 04, 2008

Destino Manifesto.





Pintura de 1872 de John Gast chamada Progresso Americano. É uma representação alegórica do Destino Manifesto. Na cena, uma mulher angelical, algumas vezes identificada como Colúmbia, carregando a luz da "civilização" juntamente a colonizadores americanos, prendendo cabos de telégrafo por onde passa. Há também índios e animais selvagens do oeste "oficialmente" sendo afugentados pela personagem.






Caso as pesquisas de boca-de-urna se comprovem, e nenhuma surpresa como a ocorrida em 2000 no estado da Flórida acontecer, Barack Obama será eleito o novo presidente dos Estados Unidos da América, e torço muito para que isso de fato ocorra. E nessa minha torcida não reside nenhuma expectativa de que Obama seja o paladino de uma nova era, ou pelo fato de ser o primeiro negro a exercer o cargo mais poderoso do mundo, mas basicamente devido a vitória do democrata representar o sepultamento da era Bush, que regrediu 150 anos na história calcando sua base ideológica no chamado Destino Manifesto.
O termo foi criado pelo jornalista Nova Iorquino John L. O'Sullivan em sua revista Democratic Review. Em um ensaio intitulado "Anenexation", no qual exigia dos EUA a admitir a República do Texas na União(coincidentemente estado Natal de George W).
O'Sullivan escreveu:
"Nosso destino manifesto atribuido pela Providência Divina para cobrir o continente para o livre desenvolvimento de nossa raça que se multiplica aos milhões anualmente."
O Texas se tornou um estado norte-americano logo após, mas a frase de O'Sullivan utilizada pela primeira vez atraiu pouca atenção.
Na segunda vez em que utilizou a citação, numa coluna do New York Morning News em fevereiro de 1845, O'Sullivan tratava sobre o avanço das disputas de fronteiras com a Grã-Bretanha, onde afirmou que os Estados Unidos tinham o direito de reivindicar "o Oregon inteiro":

And that claim is by the right of our manifest destiny to overspread and to possess the whole of the continent which Providence has given us for the development of the great experiment of liberty and federated self-government entrusted to us.

Isto é, O'Sullivan acreditava que "Deus" tinha dado aos Estados Unidos a missão de expandir a democracia republicana por toda America do Norte.
Devido a Grã-Bretanha não utilizar-se do Oregon com propósitos de expansão da democracia, acreditava o jornalista, a reinvindicação do território pelos britânicos poderia ser desconsiderada.
O'Sullivan acreditava que o Destino Manifesto era um ideal moral (uma "lei superior") que sobrepunha-se a outras considerações, incluindo leis e acordos internacionais.
Em 1821 o senador por Massachusetts, Edward Everett, demonstrando o pensamento norte-americano sobre os seus vizinhos da América Latina declarou: (sic)..."Nem com todos os tratados que possamos fazer, nem com todo o dinheiro que emprestarmos, poderemos transformar seus Bolívares em Washington"
Quando os norte-americanos referem a si mesmos como americanos somente, nada mais estão do que repetindo a frase mais conhecida do presidente James Monroe, proferida no congresso norte-americano em 1823: "A América para os americanos". À esta linha de pensamento denominou-se Doutrina Monroe, que é seguida até a atualidade.

Em 476, um chefe tribal das florestas do Danúbio, invadiu Roma e fez-se coroar o primeiro rei bárbaro da Itália. Poucos contemporâneos detiveram-se para registrar que expirava o maior império do mundo. Obviamente Obama não é uma representação moderna de Odoacro, tampouco sugiro que seja o fim do império americano, mas é fato notório que os EUA estão enfraquecidos no tabuleiro geopolítico, e com isso vislumbra-se uma tendência saudável de multilateralismo nas relações de poder mundial.