O filme é "A Queda", que narra o final da saga dos aliados em derrubar o 3 Reich de Adolf Hitler. A cena é de quando Hitler é informado da gravidade da situação, pois as tropas aliadas estão cada vez mais próximas de um ataque à Berlim, e a queda definitiva parece ser iminente. Uma atuação brilhante de Bruno Ganz!
Nesta engraçadíssima montagem, Hitler é informado de algumas limitações do novo produto da Apple, o I-Pad, pelo qual aguardara ansiosamente por tanto tempo...
sexta-feira, janeiro 29, 2010
quinta-feira, janeiro 28, 2010
Quando Paris virou Veneza
Todos nós, direta ou indiretamente, temos tido sérias contrariedades por conta das fortes e constantes chuvas que nos assolam neste janeiro, e curiosamente, neste mes é "celebrado" uma data bem peculiar na capital francesa.
Há exatos 100 anos, o rio Sena transbordou de suas margens e cobriu os elegantes bulevares de Paris de água e lama, forçando milhares de parisienses a abandonar suas casas e deixando a cidade sem energia elétrica durante meses.
E a mesma coisa pode acontecer novamente. Só que desta vez as consequências serão dez vezes pior, dizem especialistas.
"A enchente é inevitável", afirma Louis Hubert, diretor para a região parisiense do Ministério da Ecologia e do Desenvolvimento Sustentável francês. "O que podemos afirmar é que é quase certo que ocorram novas enchentes, mas não sabemos quando".
A inundação de Paris em 1910 afetou 200 mil pessoas naquele ano e custou 1,5 bilhão de euros (2,15 bilhões de dólares) convetidos em parâmetros atuais, e foi o primeiro grande evento com cobertura jornalística mundial.
Uma enchente semelhante hoje afetaria cerca de 1 milhão de habitantes da capital francesa e custaria 15 bilhões de euros. Além disso, outras 2 ou 3 milhões de pessoas provavelmente ficariam sem eletricidade por vários dias.
"Nos dois casos, há mais de dez vezes o número de pessoas afetadas, e os custos diretos são dez vezes maiores que os de 1910. Isso poderia levar à desorganização da região parisiense e exercer um efeito sobre a economia nacional", disse Hubert. Saliento que, o PIB da Grande Paris, representa cerca de 70% do PIB francês.
Para lembrar a enchente de 1910, a Galerie des Bibliotèques parisiense está expondo uma coleção de fotos, cartões postais e depoimentos de testemunhas.
Há fotos em tom sépia de homens bigodudos, de chapéu coco, sendo levados nas costas de outros homens com as calças puxadas para cima e com água pelos joelhos; do Champs de Mars totalmente submerso; de pessoas indo à catedral de Notre Dame de barco e de alimentos sendo entregues por escada a janelas de apartamentos de segundo andar.
Na maioria dos casos, os parisienses dão a impressão de que estavam encarando a catástrofe com humor, sorrindo para a câmera enquanto se equilibravam sobre estruturas improvisadas acima da água.
Desde 1910, Paris vem se esforçando para reforçar suas defesas, elevando a altura das pontes, aprofundando o leito do rio e fazendo obras hidráulicas. Mas, devido à grande urbanização e a proliferação de postes de eletricidade e telefone, e todos os outros componentes de facilidade e conforto da vida moderna, apontam para uma maior vulnerabilidade da populacao a uma grande enchente.
Uma versao digital da exposicao disponivel AQUI
quarta-feira, janeiro 20, 2010
Viva o pessimismo
Lucas Mendes - De Nova York para a BBC Brasil
No mais fundo da fossa econômica americana nesta grande recessão estão os negros. O número de desempregados é o dobro dos brancos e a renda média deles caiu quase 3% desde 2007, mas o número de otimistas entre eles dobrou nos últimos dois anos (de 20% para 39%).
Você pode ver o número pelo outro lado, 61% continuam negativos, mas a maioria (53%) acha que a vida vai melhorar. Não vamos esmiuçar os números, porque podem ser vistos de vários ângulos, mas o responsável pelo otimismo é, como você sacou, o presidente Obama.
Barbara Ehrenreich, cabeça de esquerda, escritora, jornalista e ensaísta, não vê nenhum motivo para otimismo. Ela é a profeta do pessimismo. E eu, com meu DNA mineiro, carregado de desconfiança, estou com a Barbara.
Ela começou como cientista, brilhou. Formou-se em física, fez doutorado em biologia molecular, mas, filha de um mineiro de cobre, viu na década de 70 um mundo injusto, com Johnson, Nixon , a guerra do Vietnã, pobreza e injustiça. Encasquetou e foi fazer revolução.
Numa das marchas, conheceu seu marido, teve dois filhos, separou, encontrou o segundo, separou, se engajou na carreira de jornalista e escritora. Já publicou vinte livros, quase todos críticos da sociedade americana. Um deles tem o objetivo título This Land is Their Land : Reports from a Divided Nation, outro, o grande sucesso dela, Nickel and Dimed: On ( NOT ) Getting By in America.
Entre um livro e outro, escreveu para a revista Time, e ainda contribui com The Progressive, New York Times , The New Republic, The Atlantic Monthly e várias outras publicações liberais, mas sua carreira foi interrompida em 2001 por um câncer de mama.
Na recuperação aproveitou para escrever Welcome to Cancerland (Bem-vindo à Terra do Câncer ) na revista Harper’s, onde levantou várias questões e críticas sobre a indústria médica americana.
Foi neste período de tratamento do câncer que ela diagnosticou um câncer nos Estados Unidos: o otimismo.
Barbara frequentava grupos de apoio em que a atitude era “sorria ou morra” e a ideologia cultuava o positivo, o otimismo, a boa disposição permanente: “tudo que nos pode fazer mais sadios vai curar nosso câncer”, ela escreveu no novo livro Bright Sided: How Relentless Promotion of Positive Thinking Has Undermined America (Sufocado pela Luz: Como a Incansável Promoção do Pensamento Positivo Enfraqueceu a América).
O choque que ela levou não foi no grupo de apoio a cancerosos, mas dos desempregados de “colarinho branco”. Descobriu a mesma arenga da luta contra o câncer, o do despertar e sair da cama com pensamento positivo: ”quem deseja alguma coisa com absoluta convicção acaba conseguindo, porque gente positiva atrai forças positivas".
“Eu via pessoas com graves problemas de câncer e desemprego cair neste conto todo o tempo."
Sempre fui criticado pelo meu pessimismo e pela minha fé na teoria de Murphy (com certeza teve influência de Minas ), que diz que “se pode dar errado, vai dar errado” . É melhor se preparar para o pior. Se vier o melhor, é muito mais fácil se adaptar sem perder a desconfiança.
Esta minha fé mineira foi abalada quando uma amiga íntima, ainda na faixa dos 50 anos, com um câncer inoperável, decidiu cometer suicídio com ajuda dos médicos.
Eu, o marido e meia dúzia de amigos estávamos no quarto, e a disposição dela, já depois de ter tomado os remédios que iriam matá-la, era infinitamente melhor que a nossa. Não tinha religião, mas dava a impressão que ia partir para umas férias maravilhosas. Bye bye para nós, os patetas, que ficávamos neste mundo sujo e mau.
Então, seria melhor uma atitude de profunda depressão, ou positiva, de "viva a morte!"?
A Barbara não esclarece esta dúvida no livro, mas investe contra as megaigrejas e Wall Street. Ela culpa os líderes evangélicos que deram a milhões de pobres a ilusão de que poderiam ser donos de casas caras e de bens materiais. Eles se endividaram até o pescoço embalados por sermões que prometiam mundos e fundos. São vítimas e cúmplices desta grande fossa.
E se na Wall Street, se banqueiros e investidores tivessem sido mais desconfiados e duvidosos, os pobres não teriam conseguido os empréstimos e não teríamos perdido trilhões.
Quem está doente ou desempregado, diz Barbara, "deve sair da cama certo de que há forças contra ele e, apesar de tudo, vai enfrentar a doença e a pobreza e correr atrás de um emprego e da cura com realismo, sem a infantilidade do otimismo”.
Nos últimos meses eu levanto todo dia e penso: a bolsa da China vai furar. E a do Brasil vai junto. Se cuide. Dias piores virão
No mais fundo da fossa econômica americana nesta grande recessão estão os negros. O número de desempregados é o dobro dos brancos e a renda média deles caiu quase 3% desde 2007, mas o número de otimistas entre eles dobrou nos últimos dois anos (de 20% para 39%).
Você pode ver o número pelo outro lado, 61% continuam negativos, mas a maioria (53%) acha que a vida vai melhorar. Não vamos esmiuçar os números, porque podem ser vistos de vários ângulos, mas o responsável pelo otimismo é, como você sacou, o presidente Obama.
Barbara Ehrenreich, cabeça de esquerda, escritora, jornalista e ensaísta, não vê nenhum motivo para otimismo. Ela é a profeta do pessimismo. E eu, com meu DNA mineiro, carregado de desconfiança, estou com a Barbara.
Ela começou como cientista, brilhou. Formou-se em física, fez doutorado em biologia molecular, mas, filha de um mineiro de cobre, viu na década de 70 um mundo injusto, com Johnson, Nixon , a guerra do Vietnã, pobreza e injustiça. Encasquetou e foi fazer revolução.
Numa das marchas, conheceu seu marido, teve dois filhos, separou, encontrou o segundo, separou, se engajou na carreira de jornalista e escritora. Já publicou vinte livros, quase todos críticos da sociedade americana. Um deles tem o objetivo título This Land is Their Land : Reports from a Divided Nation, outro, o grande sucesso dela, Nickel and Dimed: On ( NOT ) Getting By in America.
Entre um livro e outro, escreveu para a revista Time, e ainda contribui com The Progressive, New York Times , The New Republic, The Atlantic Monthly e várias outras publicações liberais, mas sua carreira foi interrompida em 2001 por um câncer de mama.
Na recuperação aproveitou para escrever Welcome to Cancerland (Bem-vindo à Terra do Câncer ) na revista Harper’s, onde levantou várias questões e críticas sobre a indústria médica americana.
Foi neste período de tratamento do câncer que ela diagnosticou um câncer nos Estados Unidos: o otimismo.
Barbara frequentava grupos de apoio em que a atitude era “sorria ou morra” e a ideologia cultuava o positivo, o otimismo, a boa disposição permanente: “tudo que nos pode fazer mais sadios vai curar nosso câncer”, ela escreveu no novo livro Bright Sided: How Relentless Promotion of Positive Thinking Has Undermined America (Sufocado pela Luz: Como a Incansável Promoção do Pensamento Positivo Enfraqueceu a América).
O choque que ela levou não foi no grupo de apoio a cancerosos, mas dos desempregados de “colarinho branco”. Descobriu a mesma arenga da luta contra o câncer, o do despertar e sair da cama com pensamento positivo: ”quem deseja alguma coisa com absoluta convicção acaba conseguindo, porque gente positiva atrai forças positivas".
“Eu via pessoas com graves problemas de câncer e desemprego cair neste conto todo o tempo."
Sempre fui criticado pelo meu pessimismo e pela minha fé na teoria de Murphy (com certeza teve influência de Minas ), que diz que “se pode dar errado, vai dar errado” . É melhor se preparar para o pior. Se vier o melhor, é muito mais fácil se adaptar sem perder a desconfiança.
Esta minha fé mineira foi abalada quando uma amiga íntima, ainda na faixa dos 50 anos, com um câncer inoperável, decidiu cometer suicídio com ajuda dos médicos.
Eu, o marido e meia dúzia de amigos estávamos no quarto, e a disposição dela, já depois de ter tomado os remédios que iriam matá-la, era infinitamente melhor que a nossa. Não tinha religião, mas dava a impressão que ia partir para umas férias maravilhosas. Bye bye para nós, os patetas, que ficávamos neste mundo sujo e mau.
Então, seria melhor uma atitude de profunda depressão, ou positiva, de "viva a morte!"?
A Barbara não esclarece esta dúvida no livro, mas investe contra as megaigrejas e Wall Street. Ela culpa os líderes evangélicos que deram a milhões de pobres a ilusão de que poderiam ser donos de casas caras e de bens materiais. Eles se endividaram até o pescoço embalados por sermões que prometiam mundos e fundos. São vítimas e cúmplices desta grande fossa.
E se na Wall Street, se banqueiros e investidores tivessem sido mais desconfiados e duvidosos, os pobres não teriam conseguido os empréstimos e não teríamos perdido trilhões.
Quem está doente ou desempregado, diz Barbara, "deve sair da cama certo de que há forças contra ele e, apesar de tudo, vai enfrentar a doença e a pobreza e correr atrás de um emprego e da cura com realismo, sem a infantilidade do otimismo”.
Nos últimos meses eu levanto todo dia e penso: a bolsa da China vai furar. E a do Brasil vai junto. Se cuide. Dias piores virão
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