quarta-feira, março 25, 2009

O veneno da fé.






"As melhores coisas e as melhores pessoas nascem da diferença. Sou contra uma sociedade homogênea porque eu quero que a nata se eleve."





( Robert Frost )







Chega a ser inacreditável o absurdo da temática da estampa da camiseta deste soldado israelense. Segundo consta, como marco do final de treinamento, alguns soldados encomendaram camisetas com cenas e frases de violência contra palestinos. O "modelo" da foto acima mostra uma grávida sob mira e as palavras: "Um tiro, dois mortos".
Apesar das inúmeras barbaridades que nos deparamos cotidianamente, coisas desse tipo ainda me impressionam, e fico me perguntando que tipo de gente é essa? Não basta utilizar crianças como escudo humano, atacar médicos e hospitais, vandalizar propriedades, humilhar pessoas, e efetuar disparos indiscrimanados através de aeronaves não tripuladas (conforme provado em recente relatório da ONU), além de tudo isso ainda se faz necessário o escárnio, a apologia à violência extrema, quais seriam os motivos desse radicalismo israelense? O principal talvez seja de cunho religioso.
Durante as quatro primeiras décadas do Estado de Israel, a maioria das instituições do país, entre elas o exército, eram lideradas por membros dos kibutzim que primavam pela cultura, e viam-se como seculares e ocidentalizados. Nos últimos 20 anos, o exército israelense sofreu uma guinada ao nacionalismo-religioso, com muitos fanáticos (muitos deles vindos dos assentamentos na Cisjordânia) ocupando postos cada vez mais altos na hierarquia militar. E apesar de vivermos uma época de riqueza de informação, paradoxalmente parece haver uma pobreza de atenção, pois a esmagadora maioria das vozes na mídia internacional se cala diante dessa aspecto da ideologia israelense atual, apregoando o caráter obscuro do fanatismo religioso exclusivamente para o lado palestino.
O artigo do ótimo jornalista Christopher Hitchens, An Army of Extremists na revista Slate, aborda exatamente esse aspecto da estratégia militar isralense, e vai além quando questiona o apoio incondicional (político e financeiro) dos EUA a Israel, argumentando o caráter inscontitucional nessa relação, uma vez que um dos aspectos basilares da ideologia da "Land of the Free", é a premissa do Estado laico.